sábado, 18 de agosto de 2012

Já posso ser preso



 Esse, sem dúvida, é o lembrete que eu mais ouvi no meu aniversário de 18 anos. Ou as pessoas são muito mesquinhas e ficam na expectativa de tudo de ruim que pode acontecer contigo, ou elas leem assiduamente meu blog e cansaram de olhar aquela parte em que eu dizia que ia aproveitar os “últimos meses antes da maioridade para falar todas as merdas que sempre quis, antes que possa ser preso por isso”. É claro que eu acredito na segunda opção, mas a questão não é essa.


É engraçado como essa passagem para a maioridade tem muita importância para todas as pessoas, menos para aquela que faz 18 anos. O máximo que essa pessoa vai sentir é que ela pode se aproveitar da importância que os outros dão a isso e continuar frequentando todas as boates e participando de todos os comas alcoólicos da cidade, mas sem precisar mostrar uma identidade falsa pra isso. Aliás, tá aí mais uma diferença de pensamento entre o cara que faz 18 anos e todas as pessoas em torno dele. Enquanto essas pessoas se ligam em todos os documentos que você vai precisar (título de eleitor, CPF, carteira de motorista), o cara que atinge a maioridade só pensa na incrível facilidade burocrática que ele terá ao não precisar de DUAS identidades na carteira. Mais simplicidade pra sair de casa, impossível.

Sinceramente, eu espero não me tornar um cuzão que vive reclamando de como é complicada a vida depois dos 18 anos. Tá certo que eu disse o mesmo sobre continuar vendo desenhos animados o dia inteiro, quando eu tinha cinco anos, mas acontece que o Cartoon Network virou um lixo e agora eu confio mais na minha capacidade de manter uma promessa. Na moral, como que fazer 18 anos pode ser tão ruim assim? Tu realmente espera ser preso a partir de agora? Deixa eu contar uma coisa: você não se transforma em um Alexandre Nardoni quando dá meia-noite do dia do seu aniversário. Sabe quem realmente pode ser preso assim que faz 18 anos? O menózinho do morro que o Comando recruta aos 12 anos pra carregar cocaína. Tirando o fato de eu ser muito magro e usar a expressão “tá ligado” como vírgula, não vejo como eu possa me enquadrar nesse caso.

Fazer 18 anos não tem nada de ruim, gente. Aliás, ruim mesmo deve ser não fazer. Façam 18 anos. O máximo que pode acontecer é, sei lá, a descrição do teu blog não fazer mais sentido. Mas isso você resolve deixando de escrever nele e pronto. Tu não vai morrer por causa disso (que é provavelmente o que aconteceu se você não fez 18 anos na data prevista). Nem ser preso, pode ter certeza.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Olimpíadas


Com essa onda de geral usando facebook e twitter por aí, virou moda a galera do jornalismo falar que tudo nesses últimos anos é um “momento histórico”. Em 2010 foi o “momento histórico” dos internautas trollando* a Copa do Mundo com hashtags como o “CalaBocaGalvao” (*expressão da época). No mesmo 2010, os mesmos brasileiros fizeram “história” tendo a oportunidade de usar o twitter para escrever profundos textos e reivindicações de extensos cento e quarenta caracteres para seus candidatos nas Eleições. Aí chega 2012 e os caras já tem a matéria pronta: “Momento histórico. As primeiras Olimpíadas do facebook”.

O único marco histórico de verdade dessas Olimpíadas é a oportunidade dos meus leitores de finalmente pagarem de expert nesses jogos olímpicos. Talvez vocês não saibam, mas estão lendo as palavras de um típico Beckham das rodinhas de resenha esportiva.

Nessas rodinhas sempre tem um Romário, aquele sacana que finaliza os comentários dos outros com uma piadinha malandra; um Guiñazu, vulgarmente conhecido como o chato que não se rende de jeito nenhum a um massacre de argumentos contrários ao seu; um Paulo Vinícius Coelho, o sujeito que serve de database pra galera não ficar sem argumento na hora de comentar se a Copa Toyota é ou não é título mundial; entre muitos outros.

Eu sou o (Augusto Cury) David Beckham: um cara com mulher, vida social, trabalho fora do esporte, que por tudo isso não tem muito tempo pra assistir eventos do porte de um China x Japão pelo badminton. Como não quer ficar de fora do bagulho, esse cara é aquele enganador que fica quietinho, na dele, só esperando a oportunidade de fazer uma intervenção totalmente genérica e que não leva a lugar nenhum, mas que vai soar como a palavra de um especialista. E aí já viu, amigo: a galera toda concorda, bate palma, e o cara sai como expert sem saber de porra nenhuma.

Na boa, pra que acompanhar atletismo, por exemplo? Se não for um negro ganhando, é um americano. Quando o cara for os dois ao mesmo tempo então, é quase certo. Tu tá ali em volta da TV com seus amigos, prestes a começar os 800m livre e a galera levanta a ideia de um bolão. Tu é um cara alienado, só conhece o Bolt e a Maurren Maggi que eu sei, vai apostar em quem? No americano mais negro que aparecer ali. Sem medo.

Você discordaria de alguém que aposta nesse tipo de atleta?

Se tu pegar um Che Guevara na rodinha e o cara começar a discordar de você por causa da sua preferência pela Coca-Cola, basta mudar o palpite para um eslavo. Qualquer país do Leste Europeu é sempre um palpite inteligente. Ninguém vai duvidar de um cara cujo nome é impronunciável e tem cara de inimigo do Rocky Balboa. Agora, se por acaso cair na TV alguma categoria feminina – ou ginástica artística, que afinal é um esporte feminino – o palpite tem que ser nas asiáticas. Coréia, China, Japão, quem tiver olho puxado manda bem.

Ser David Beckham nas resenhas esportivas é uma arte quase tão nobre e complexa quanto ser Augusto Cury em blog. O que eu quero dizer é que existem algumas preocupações muito necessárias. Aqui, nesse blog, eu tento ensinar as pessoas que dá pra qualquer um ter uma vida decente e maneira. Como é que eu ia ensinar que dá pra vida ser maneira se eu caísse em referências humorísticas do tipo escrever o título “Olimpíadas” como “Olim Piadas”? Na verdade, nem decente tem como ser uma vida dessa. Esses trocadilhos escrotos de stand-up paulistano a gente escreve, vê que tá ruim, e simplesmente abandona. Tô falando isso porque já deve ter uma galera numa atividade mental assim:

– Pow mt fácil ser o belqham sei la como escreve da resenha vou dizer que a cerimônia de abertura da olimpiada foi linda e que no brasil se pegarem os elementos típicos vai ter bala perdida michel teló macumba rsrsrs esse país só ganha bronze parece que cada ano vai pior??? Rsrsrs.

Sério, por favor. Por favor.


Por. Favor.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Capitalism: A Love Story™


Pra quem não sabe ou esqueceu, semana passada rolou o Dia dos Namorados. Acho meio difícil ter alguém na Internetque não saiba ou esqueceu, porque o que não faltou em facebook da vida foi nego dizendo que não passava de uma data comercial, inventando simulacros de par romântico (que iam desde chocolate até o Song Pop) para justificar que passariam bem o dia (não que alguém tivesse perguntado) e insistindo em usar o termo “Valentine’s Day”. Enfim, nada mais surpreendente do que as Videocassetadas do Faustão.

Como eu sou uma pessoa normal, me limitei a ir ao shopping pra comprar um presente. E lá eu vi muita gente desorientada. Tipo, de verdade. Me chamou atenção o triste caso de um pai de família que tentava desesperadamente enfiar um cupom promocional em uma urna para concorrer a um jipe 0 km, porque segundo ele “só isso servia” de presente para sua amada. Eu fiquei com pena do cara e, depois de avisar a ele que o cupom era na verdade um guardanapo do Mc Donald’s e que a urna era uma lata de lixo em frente a uma loja que exibia o carro da Barbie na vitrine, decidi me apresentar como Augusto Cury e mostrar na prática tudo o que ele certamente já tinha lido aqui no blog.

Dando uma volta pelas lojas, comecei a dar aquelas dicas espertas pro sujeito. Deixei claro que eu tava sem grana, o que fazia comprar um presente que custasse no máximo 50 reais meu único objetivo. Podia encontrar até o Pelé à venda, mas se ultrapassasse os cinquentinha nem rolava. Enquanto eu falava isso, passei na frente da Imaginariume fiquei encantado com a forma como eles transformam criatividade em algo clichê e ainda botam à venda, abrindo a possibilidade de que você pareça o gênio dos presentes perante um leigo. Tinha um Kit de Massagem que certamente faria minha namorada esquecer todas as vezes que eu arrotei na cara dela. E custava só 270 reais, tá ligado? Eu já tava tirando o bagulho da prateleira quando me lembrei:

“Caramba, eu tenho que dar exemplo pra esse cara. Se eu fraquejar agora, ele vai perceber que todo esse meu papo era furado, e vai abusar do cheque especial, vai vender um rim, vai penhorar a casa, torrar o dinheiro da faculdade dos filhos, tudo pra comprar o presente ideal. Além disso, se eu não der o exemplo, o que é que eu vou escrever no blog mais tarde? O bem-estar da família desse cara e de todos os meus 7 leitores tá dependendo de mim”.

Foi aí que eu dei uma prova de que dá pra encarar as situações com maturidade, e larguei o bagulho dizendo pro meu aluno que aquilo era “muito feinho” e falando pra vendedora que eu ia só “dar mais uma voltinha”. Saí da loja orgulhoso comigo mesmo quando passei pela Q-Vizu e vi um boneco muito maneiro do Paul Stanley, o guitarrista da banda favorita da minha namorada. Percebi ali que tinha encontrado o presente perfeito. Quando eu entrei na loja, soube que era edição de colecionador e portanto só tava custando 1890 reais. Óbvio que, dadas as circunstâncias, eu saí imediatamente da loja. E fui direto pro caixa eletrônico limpar minha poupança (bancária, gente) e explorar o limite que o banco dá para a minha conta sob módicos juros de 607% ao mês.

Tudo bem, eu admito que não entendo nada de mercado financeiro. Mas, na minha cabeça, o pior de tudo era o exemplo que tinha ficado pra aquele pai de família. Eu me tornei aquele cara, tá ligado? Foi aí que eu tirei a grande lição do dia, e que vocês deveriam aproveitar para fazer igual:



Eu comprei um presente maneiro pra caralho. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Mães e seu modus-operandi

Por Thomaz Ambrosio

Você já passou por aquela situação onde, ingenuamente, esqueceu a luz de algum dos cômodos da casa ligada, e sua mãe veio gritando atrás de você e usando frases do tipo ''não sou sócia da light'' ou ''dinheiro não da em árvore'', não é? Não? Para de mentir, claro que já passou! Todos nós, na verdade. Porque os seres humanos do sexo feminino são diferentes até se tornarem mães; a partir daí meu amigo, ficam muito parecidos. Inclusive, ''mãe'' é um termo que não se restringe apenas a nós, primos dos macacos. Tudo tem mãe! Os animais tem mãe, Jesus tem mãe, computador tem (placa) mãe, e por aí vai. Pensando bem, acho que argentino não tem não.

Além de sua popularidade, as mães gozam do poder da onipresença e da telepatia, ou leitura de mentes (esse último funciona apenas com os próprios filhos). Esses poderes permitem a elas saber exatamente o que você fez, porque você fez e como você fez QUALQUER coisa. Ou seja, se você acha que enganou sua mãe aquela vez que você chegou bêbado em casa e negou seu estado de embriaguez, saiba que ela apenas foi legal com você, porque ela certamente percebeu. Ah, esqueci de mencionar o poder de distorcer/negar tudo que você disser numa discussão, para usá-la contra você na discussão seguinte. Essas habilidades especiais, além, claro, do amor incondicional (dependendo do filho essa é a maior de todas), tornam nossas mães pessoas muito especiais e difíceis de lidar, e esses dotes muitas vezes geram problemas. Quando ela gritar com você, por exemplo, ''abraçá-la e se desculpar'', na teoria, é uma solução muito boa.

Suzane von Richthofen também tem muito a falar sobre a mãe

Porém, diferente de Augusto Cury, você é gente! E ela, apesar de mãe, continua sendo gente também. Então, caso você siga as ideias desse cara, vai acabar como escravo dela, sujeito a todo e qualquer tipo de pedido. E mesmo que esse método Augusto Cury de lidar com a mãe funcionasse, na hora que ela te dá a surra de cinto pela toalha molhada em cima da cama, ou manda você limpar o cocô do cachorro as 10h da manhã de um domingo, a última coisa que passa pela sua cabeça é ''dar um abraço'', ou algo do tipo. E você também não deveria se sentir culpado, porque afinal, mesmo sendo a bondade em pessoa, elas sentem prazer em dar bronca/esporro. É como um esporte! Então, meu caro amigo, não perca seu tempo tentando entendê-la ou decifrá-la, e muito menos pense que algum dia você poderá vencê-la...

– Aí, mãe, como é mesmo aquela coisa que você, digo, vossa senhoria magnânima sempre fala sobre as mães? Alguma coisa de “foi e voltou com um prato”... Ou seria “três vezes de trigo para três tigres tristes”?
 – Ai, filho, você saiu ameba que nem seu pai, aquele porco que deixa a toalha molhada em cima da cama... A frase é “Nunca tente enganar sua mãe, meu filho. Quando você vai, ela já foi e voltou três vezes...”.
– Valeu mãe! Era a frase que faltava pra eu terminar meu texto!

...Porque quando você vai, ela já foi e voltou três vezes.

– A propósito, sobre o que é seu texto, meu filho?
– Futebol, mãe. Futebol.


O texto de hoje foi escrito pelo meu amigo Thomaz, que me prometeu um Vale de 1 Milhão de Cruzeiros se eu deixasse ele postar aqui. Mesmo que o Cruzeiro não esteja mais em circulação, eu me amarrei na proposta dele. Se você quiser seguir o exemplo do Thomaz e libertar seu lado "Augusto Cury", mande seu texto para bernardo.peixoto.mello@gmail.com, apresentando uma proposta tão maneira quanto a dele.

sábado, 2 de junho de 2012

Família. Na Internet.

Durante os anos 90 e até o início dos anos 2000 eu era um pirralho. Não tinha idade pra fazer nada. Não podia entrar nos brinquedos mais maneiros do parque de diversões. Não podia ver Cidade de Deus no cinema. Não podia comprar revista de mulher pelada na banca de jornal sem rir. Para acabar com essa injustiça, um grupo de pessoas decidiu criar a Internet, um espaço com classificação indicativa reversa. A criação das redes sociais foi o marco de que os adultos jamais poderiam entrar nesse espaço.

Acontece que, hoje, vivemos tempos difíceis. As famílias do mundo inteiro decidiram conspirar contra esse tratado histórico. Pais, tios, avós e qualquer tipo de parente que já tenha te pegado no colo e limpado suas fezes passaram a se esforçar para invadir o espaço que um dia foi apenas seu. E qual é a primeira coisa que eles fazem? Deixam um recado em qualquer mural ou scrapbook. Mais ou menos assim:

“Nossa, como você cresceu!!! Lembro como se fosse ontem da época que eu te pegava no colo rsrsrs!!! E limpava as suas fezes rsrsrs!!!”

Aos poucos, deixar recados nos locais apropriados deixou de ser o bastante. Foi quando começou um dos fenômenos mais visíveis da presença de familiares nas redes sociais: deixar recados em caixa de comentários. É impressionante a atração quase magnética que uma foto exerce nos dedos dos seus parentes. E esse é um dos poucos casos em que uma possível distorção pervertida da frase soa menos constrangedora do que a verdade, que é a seguinte:

Jantar romântico com a minha namorada. Te amo!
Comentários:

Amigo Antigo: Cara, quanto tempo que eu não te vejo, que foto ótima! Felicidades pra vocês!
Amiga Típica: awn que fofos! Lindos! <3
Amigo Indie (e gay): essa foto é da Diana F+ ou daquela sua Holga Lomography?
Familiar 1: Caramba já está namorando??? não importa você será sempre o bebê que eu carreguei no colo!!! bjs meu bebuxinho
Familiar 2: Bernardo quanto tempo que eu não limpo suas fezes rsrsrs!!!
Familiar 3: mande um beijo para sua avó pelo aniversário dela aqui em minas o tempo tá ótimo abraços da tia mariana

O que há de pior nessa história toda é quando essa síndrome da família atinge familiares nossos que nem são tão velhos assim. Eu sei que vai ser difícil acreditar no que eu vou falar agora, mas tem gente que fica ofendido com uma besteira ou outra que eu escrevo aqui. Nego acha a linguagem ofensiva, suja, e por aí vai (eu sei, bando de filho da puta arrombado). 


Outro dia uma prima da minha idade me chamou no Facebook perguntando se “era verdade aquela história do anão masturbado e enrabado por um jegue”, e que ela ia mostrar o texto pra minha mãe. Até eu convencer ela de que aquilo era um grande engano, foram uns cinco minutos batendo papo sobre o incrível cheiro das minhas fezes quando eu tinha cinco anos.

Nem o Augusto Cury de vocês consegue uma solução para essa parada. O que eu sei é que o Facebook não criou aquela lista “RESTRICTED” à toa, né. Lotá-la com os seus parentes é uma boa resistência, mas ainda é pouco. Nossos familiares velhos invadem cada vez mais a Internet. Chegaram ao cúmulo até de criar uma rede social do emprego (linkedin.com). Tipo, como se a gente fosse cair nessa mentira de que existe gente que usa a Internet para trabalhar. Conta outra, cara.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Como deve agir um amigo de verdade



Imagina o teu melhor amigo. Aquele nerd escroto que faz cosplay de anime, é gordo, cheio de espinha e já zerou todos os jogos eletrônicos da Terra cujo nome inclui termos como “War”, “Ultimate”, “Fire” e “Skyrim”. Então, agora para de imaginar, porque o seu melhor amigo não se enquadra no caso do meu melhor amigo. Isso porque o meu melhor amigo tem uma coisa que o seu nunca terá: uma namorada. Ou melhor, tinha. É aí que começa o meu trabalho.

Vamos supor que M. (nome fictício) (o Wellington não deixou eu botar o nome dele de verdade aqui) namora há muito tempo. Acontece que, de repente, o romance termina. Termina mesmo. De verdade. Ele chega até a mudar o status no facebook. Nesse exato momento o seu amigo precisa de você, certo?

ERRADO. Porra, para de ler a bicha do Augusto Cury, ele que falaria uma merda dessas. Estatísticas da ONU (leia mais aqui) mostram que os primeiros 157 minutos pós-rompimento é o tempo que o rapaz passa chorando enquanto escuta My Chemical Romance. Se você procurar o seu amigo durante este intervalo de fragilidade e confusão, é muito provável que ele decida virar gay e tente estabelecer uma relação anal com você. Em primeiro lugar, espere esses minutos passarem. Agora que você está seguro, é hora de agir.

Não perca tempo tentando dizer para o seu amigo que todos passamos por momentos complicados, o importante é perseverar e nunca desistir dos sonhos blábláblá. Na boa, você não quer correr o risco de deixar seu amigo frágil e confuso novamente, o que pode acabar trazendo de volta todo o perigo daqueles 157 minutos. Aliás, enquanto seu amigo tiver se achando o Mahatma Gandhi do amor, a ex dele estará pegando 20 malucos por dia nas festas mais pecaminosas da cidade. Isso é o que acontece.

Seu amigo vai achar que é isso

Na verdade ele é isso

Nada de viadagem. Escute tudo que seu amigo tiver a dizer. Conduza o desabafo dele para que ele cuspa tudo relacionado à ex-namorada, mas tudo mesmo. Vai por mim, é assim que a Marília Gabriela começou a carreira dela. Ela pegou o Gianecchini e é mais macho que o Augusto Cury, dá pra tirar muitas conclusões disso. Enfim, quando todo e qualquer tipo de informação relacionada à menina tiver sido expelida do seu amigo, e você tiver concordado com tudo, ele fará uma pausa para respirar durante 19 minutos, até se lembrar de mais coisas para falar sobre a menina. Nesse momento você ataca. Enquanto ele estiver momentaneamente leve e incapaz de iniciar outro discurso, você abre o facebook daquela menina que te deve um favor e pagaria tranquilamente com um amigo seu. Diz que ela estará na social do pessoal da faculdade (certifique-se de que ela consiga ir na social do pessoal da faculdade). O resto é consequência.

Consequência também é essa sua amiga que é uma vadia trocar seu melhor amigo pelo primeiro bombadão que aparecer e ele começar a ficar deprê de novo. Aí sim é hora da lição de moral:


“Você pode se jogar da Ponte Rio-Niteroi agora, campeão. Não custa nada. Você podia ter feito isso antes até, sabia? Tá certo que aí você teria morrido por baixo, sem ter pegado essa loira gostosa na social da faculdade e ter feito de tudo com ela. Mas tem gente que acha maneiro ser lembrado assim, como o cara que foi gozado antes de morrer, ao invés de ser lembrado como o cara que morreu depois de gozar...”

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Como se comportar em uma sala de espera

Pense nos lugares mais escrotos do mundo. Agora junte tudo e bata no liquidificador. O que sai disso aí? Não, não é o programa da Ana Maria Braga. É uma coisa chamada SALA DE ESPERA. Pra mim não resta dúvida de que sala de espera de médico é o ambiente mais indesejado do universo. Você fica de frente pra pessoas totalmente desconhecidas, e não é tipo elevador, que a agonia dura apenas alguns segundos que parecem horas. Na sala de espera são horas que parecem a vida da Hebe Camargo. O pior é que eles parecem montar o espaço especialmente pra você não conseguir se ocupar. Prova maior disso são as revistas. Em sala de espera só tem revista de fofoca. Como se não fosse ruim bastante, é tudo edição do ano retrasado. Toda essa ausência de entretenimento pode te levar a falar. E se você abrir a boca em um ambiente tão escroto, amigo, invariavelmente vai soar inútil ou esquisito.

Só quero fazer o registro de que, em termos de cárcere:
Sala de espera >>> Bangu I >>> Emoção

Na época do Galileu Galilei não existia sala de espera. Foi por isso que levaram a sério aquela ideia dele de que a Terra é que gira ao redor do Sol (levaram a sério até DEMAIS, mas beleza). Se ele tivesse falado essa porra numa sala de espera pra puxar conversa provavelmente teria saído muito estúpido, e ele ficaria tão constrangido que nunca mais ia tocar no assunto, e hoje a gente estudaria teoria geocêntrica na escola. Pra que esse tipo de coisa não aconteça contigo, fica esperto na próxima vez que tu cair em uma sala de espera. Não puxa assunto com ninguém. Principalmente com a secretária. Esse é o emprego mais escroto do mundo, porque é um estágio disfarçado de emprego. Se você tentar qualquer tipo de aproximação, ela involuntariamente irá descontar em você toda a frustração que é a vida dela. Outro dia eu tava esperando meu médico me atender, quando tocou o telefone e a mulher falou mais ou menos assim:

– Consultório, boa noite... Ah meu amor, bom que você ligou. Me diz o endereço daquela festinha, quando eu tiver voltando pra casa te busco lá...O que? Nada disso, eu não conheço a mãe desse rapaz. Vai dormir em casa... E tem hora pra voltar sim, isso aqui não é farra não.

Isso era o que eu deveria ter feito:



Mas eu caí na armadilha e decidi comentar:

 – Hahaha minha mãe é igualzinha comigo!

 A resposta da mulher me lembrou tudo o que foi citado um pouco acima:

 – Não é meu filho não, é meu homem. O safado tá desempregado, só quer saber de beber na casa dos amigos. Aí aproveita e tenta passar a mão na coroa dos caras, tenta se enfiar no quarto com elas, mas eu tô esperta, não vou dar bobeira de novo pra família desses amigos dele não.

– Ah, quer dizer que ele já "pulou a cerca" com alguma mãe de amigo?

– Mãe, não. Filha. De sete anos.

"Abra a boca e ganhe um trauma", esse deveria ser o lema das salas de espera ao redor do mundo, pra evitar que as pessoas caíssem nesse erro comum. Isso é sério: jamais abra a boca na sala de espera. O melhor que pode acontecer é você descobrir que a Claudia Raia terminou com o Edson Celulari, que o doutor vai examinar as fezes de um cara antes de botar a mão na sua língua, ou que o marido da secretária não tem preconceito: comete estupros com todas as idades.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dizer que o blog do amigo é horrível


Como o último post foi meu primeiro por aqui, decidi pegar leve na divulgação. Deixei pra lá minha ideia de alugar um dirigível ou comprar um intervalo no Jornal Nacional e me limitei a mandar o link do blog para todos os meus contatos do Facebook. Três vezes. Por hora.

Acontece que a reação da galera que leu me fez ver que vocês precisam mais dos meus conselhos do que eu imaginava. Todas as pessoas (cinco) que leram o texto tentaram disfarçar o quanto elas odiaram, usando palavras do tipo:

“Po cara seu texto tá do caralho na moral melhor texto que eu já li!!!” – esse cara disse que curtiu totalmente um texto MEU de quase 1000 (MIL) palavras. Como se não fosse falso o bastante, o rapaz chegou a essa conclusão menos de 14 segundos depois de eu ter enviado o link pra ele.

“Gostei” – ao contrário do primeiro caso, dessa vez não fui digno nem da atenção desse sujeito. Ou do esforço pra me deixar feliz.

“Então... é um trabalho bem conceitual, né?”

Em uma situação normal eu incentivaria vocês a mentir. Até me arriscaria a dar umas dicas, se não for pedir muito. A vida é assim, parceiro, tem que sair na cara dura mesmo. Quebrou o vaso da sua mãe? Bota a culpa no irmão mais novo. Tirou zero na prova de Física porque dormiu em todas as aulas? Joga a responsabilidade no professor, no diretor, na água da escola, qualquer merda dessa. Te pegaram masturbando um anão enquanto ele era enrabado por um jegue? Cara, essa vai ser difícil, mas mentir ainda é uma opção MUITO melhor do que contar a verdade, tu não acha?

Só que esse caso é diferente. O pessoal que decide divulgar blog próprio consegue fazer uma propaganda mais insistente e mais insuportável que a Casas Bahia. Daí pra virar um daqueles viadinhos de telemarketing é um pulo. Você não quer carregar na sua consciência o peso de ter deixado uma coisa dessas acontecer, né? Então vamos criar coragem, rapaziada! Se vem um maluco postando link de blog no twitter, dá patada logo.

“Aí cara, teu blog é tão ruim que se tu resumisse seus textos em 140 caracteres eu ainda vomitava três vezes antes de acabar de ler.”

Jogou link no facebook, sai xingando o cara.

“Aí cara, só não peço pro Zuckerberg criar o botão DISLIKE agora porque, se existe algum Deus, ele tá preparando essa porra na entrada do Céu especialmente pra você.”

E a patrulha não pode parar por aí. Se ele comentar do blog com, sei lá, o PORTEIRO do prédio dele, chega no prédio do rapaz, mija no elevador e depois fala pro porteiro que foi “aquele babaca do blog” que fez isso (aí você pode mentir). Porteiro é uma raça fofoqueira, em poucos dias o espaço virtual do sujeito estará conhecido pelas más línguas como “Blog do Mijão”. Vamos concordar que essa não é uma propaganda muito agradável, ou é?

Espero que vocês levem essas lições pras caixas de comentários da vida, galera. Aconselhamento e tiro no pé, a gente vê por aqui.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Ainda dá tempo de desistir

Meus amigos, a verdade é que eu não quero ser O Augusto Cury. Ele tem mó cara de queijo minas. E é um merda. O cara se propõe a ajudar as pessoas mas fala como se tudo fosse FÁCIL de fazer na vida perfeita dele. Na boa, qualquer pessoa normal olha para a pilha de contas pra pagar, aí lembra do livro do Augusto, e pensa: “esse cara não é do mesmo mundo que eu, tudo é muito simples pra ele”. A leitura das obras do Augusto Cury se encaixa na mesma categoria da tradicional mão-boba e do furto de celular: “what happens in transporte público, stays in transporte público”. 

Repare como o rapaz está BOLADO lendo isso
Aí que tá a diferença. Eu quero ser o seu Augusto Cury. O conselheiro que dá certo. Você não quer um babaca mostrando como a vida dele é foda, mas sim um babaca mostrando que é um completo babaca. Acredita em mim, é assim que os problemas se resolvem. Na pior das hipóteses, antes que alguém venha te sacanear pela sua vida de merda, tu manda esse blog pra geral e diz: “Caralho, olha como escreve merda esse Bernardo. Que merda. Ele é o merda mais merda do universo. Mais merda que qualquer um. Mais merda que eu. Risos.”

A esse ponto do texto o leitor talvez esteja se questionando se eu realmente acredito no que eu tento ensinar. Pior que sim. Continua lendo e sente o drama.

Você talvez tenha uma namorada. Se você tem, se você se importa com seu relacionamento e não é dessa galera moderninha, deve pensar nas piores coisas do mundo quando você diz que infelizmente não poderá vê-la sábado à noite, afinal tu vai na social dos seus antigos amigos de escola, e recebe isso aqui de resposta:

– Ah, tudo bem meu amor! Minhas amigas tavam querendo fazer uma “girls night” mesmo, aí eu vou aproveitar e juntar elas pra ir lá na [insira o nome de uma boate].

Em primeiro lugar, por que caralhos mulher chama de “girls night” um evento que envolverá a presença de homens no mesmo recinto que elas? Além disso, na sua cabeça doentia e mesquinha, você imaginava ela triste e falando que ia “ficar em casa mesmo”. Tô errado?

Acontece que essa frase frustra todos os seus planos. Primeiro, porque na situação inicial você se saía como fodelão. Agora, vai estar em casa às onze da noite, hora que sua namorada estará saindo da residência dela. Segundo porque nessa reunião você vai ficar brincando de mímica e bebendo coca-cola, enquanto sua namorada estará em um ambiente com álcool e sujeitos solteiros que não fazem a menor ideia que ela namora um cara brabo que nem você. Terceiro porque, como já dito antes, sua vida de merda te transformou em um doente, o que te faz ter ciúme e ver segundas intenções até quando sua namorada troca de bolsa.

“Mas então o que eu faço, vou roer minhas unhas e ter pesadelos a noite inteira?” Claro que não, porra. Uma situação como essa pede atitudes maduras, que te ajudem a ignorar esses sentimentos escrotos e tocar a vida pra frente, sem neurose. É hora de respirar e perceber que você pode aproveitar este intervalo livre para terminar aquele resumo da faculdade, ou então assistir aquele filme que seu amigo te recomendou há muito tempo mas você não viu ainda porque a boba da sua namorada tem um estranho preconceito com películas de 1946 que envolvem sexo com alpacas. “Mas Bernardo, isso é maduro demais pra mim”. Para de ler agora então, porque o próximo passo atinge o ápice da maturidade mundial: comece a jogar Football Manager. Mas não apenas jogar. Isso é muito pouco. Vá narrando as partidas do seu time, para dar mais realismo à sua carreira. Imagine-se dando entrevistas, aparecendo em capas de jornais e tendo seu trabalho comentado por analistas esportivos de quinze programas diferentes. Crie algo tão maneiro na sua cabeça que te faça esquecer o lixo de vida que você tem.

Provavelmente você não vai conseguir se concentrar no resumo da faculdade porque estará pensando em quantos caras já tentaram chegar na sua mulher, um pensamento doentio que tornará o filme um verdadeiro lixo que você não entende porra nenhuma e, pra fechar com chave de bosta, seu descontrole emocional se refletirá em sucessivas derrotas no Football Manager (jogos eletrônicos percebem esse tipo de coisa, afinal são feitos justamente para homens que passam a noite em casa enquanto a namorada está na rua), o que te deixará mais puto ainda.

Mas tudo bem, porque se você dá tanto valor (dinheiro) ao seu relacionamento, provavelmente a sua namorada também dá valor (aos presentes que ela ganha). Isto fará com que ela te ligue mais cedo do que você imagina e inteiramente sóbria, avisando que já chegou em casa e que está morrendo de saudade de você. E vocês combinarão de se ver no dia seguinte. E vocês dirão “eu te amo muito”. E ela vai dizer que já vai postar as fotos da noite no facebook pra você ver e ficar tranquilo, ela tá só esperando que a amiga que vai dormir na casa dela saia logo do computador. É muito provável que essa amiga na verdade se chame ARTHUR e tenha um pênis (ereto no momento), mas isso aí é papo pra outro texto.