terça-feira, 19 de junho de 2012

Capitalism: A Love Story™


Pra quem não sabe ou esqueceu, semana passada rolou o Dia dos Namorados. Acho meio difícil ter alguém na Internetque não saiba ou esqueceu, porque o que não faltou em facebook da vida foi nego dizendo que não passava de uma data comercial, inventando simulacros de par romântico (que iam desde chocolate até o Song Pop) para justificar que passariam bem o dia (não que alguém tivesse perguntado) e insistindo em usar o termo “Valentine’s Day”. Enfim, nada mais surpreendente do que as Videocassetadas do Faustão.

Como eu sou uma pessoa normal, me limitei a ir ao shopping pra comprar um presente. E lá eu vi muita gente desorientada. Tipo, de verdade. Me chamou atenção o triste caso de um pai de família que tentava desesperadamente enfiar um cupom promocional em uma urna para concorrer a um jipe 0 km, porque segundo ele “só isso servia” de presente para sua amada. Eu fiquei com pena do cara e, depois de avisar a ele que o cupom era na verdade um guardanapo do Mc Donald’s e que a urna era uma lata de lixo em frente a uma loja que exibia o carro da Barbie na vitrine, decidi me apresentar como Augusto Cury e mostrar na prática tudo o que ele certamente já tinha lido aqui no blog.

Dando uma volta pelas lojas, comecei a dar aquelas dicas espertas pro sujeito. Deixei claro que eu tava sem grana, o que fazia comprar um presente que custasse no máximo 50 reais meu único objetivo. Podia encontrar até o Pelé à venda, mas se ultrapassasse os cinquentinha nem rolava. Enquanto eu falava isso, passei na frente da Imaginariume fiquei encantado com a forma como eles transformam criatividade em algo clichê e ainda botam à venda, abrindo a possibilidade de que você pareça o gênio dos presentes perante um leigo. Tinha um Kit de Massagem que certamente faria minha namorada esquecer todas as vezes que eu arrotei na cara dela. E custava só 270 reais, tá ligado? Eu já tava tirando o bagulho da prateleira quando me lembrei:

“Caramba, eu tenho que dar exemplo pra esse cara. Se eu fraquejar agora, ele vai perceber que todo esse meu papo era furado, e vai abusar do cheque especial, vai vender um rim, vai penhorar a casa, torrar o dinheiro da faculdade dos filhos, tudo pra comprar o presente ideal. Além disso, se eu não der o exemplo, o que é que eu vou escrever no blog mais tarde? O bem-estar da família desse cara e de todos os meus 7 leitores tá dependendo de mim”.

Foi aí que eu dei uma prova de que dá pra encarar as situações com maturidade, e larguei o bagulho dizendo pro meu aluno que aquilo era “muito feinho” e falando pra vendedora que eu ia só “dar mais uma voltinha”. Saí da loja orgulhoso comigo mesmo quando passei pela Q-Vizu e vi um boneco muito maneiro do Paul Stanley, o guitarrista da banda favorita da minha namorada. Percebi ali que tinha encontrado o presente perfeito. Quando eu entrei na loja, soube que era edição de colecionador e portanto só tava custando 1890 reais. Óbvio que, dadas as circunstâncias, eu saí imediatamente da loja. E fui direto pro caixa eletrônico limpar minha poupança (bancária, gente) e explorar o limite que o banco dá para a minha conta sob módicos juros de 607% ao mês.

Tudo bem, eu admito que não entendo nada de mercado financeiro. Mas, na minha cabeça, o pior de tudo era o exemplo que tinha ficado pra aquele pai de família. Eu me tornei aquele cara, tá ligado? Foi aí que eu tirei a grande lição do dia, e que vocês deveriam aproveitar para fazer igual:



Eu comprei um presente maneiro pra caralho. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Mães e seu modus-operandi

Por Thomaz Ambrosio

Você já passou por aquela situação onde, ingenuamente, esqueceu a luz de algum dos cômodos da casa ligada, e sua mãe veio gritando atrás de você e usando frases do tipo ''não sou sócia da light'' ou ''dinheiro não da em árvore'', não é? Não? Para de mentir, claro que já passou! Todos nós, na verdade. Porque os seres humanos do sexo feminino são diferentes até se tornarem mães; a partir daí meu amigo, ficam muito parecidos. Inclusive, ''mãe'' é um termo que não se restringe apenas a nós, primos dos macacos. Tudo tem mãe! Os animais tem mãe, Jesus tem mãe, computador tem (placa) mãe, e por aí vai. Pensando bem, acho que argentino não tem não.

Além de sua popularidade, as mães gozam do poder da onipresença e da telepatia, ou leitura de mentes (esse último funciona apenas com os próprios filhos). Esses poderes permitem a elas saber exatamente o que você fez, porque você fez e como você fez QUALQUER coisa. Ou seja, se você acha que enganou sua mãe aquela vez que você chegou bêbado em casa e negou seu estado de embriaguez, saiba que ela apenas foi legal com você, porque ela certamente percebeu. Ah, esqueci de mencionar o poder de distorcer/negar tudo que você disser numa discussão, para usá-la contra você na discussão seguinte. Essas habilidades especiais, além, claro, do amor incondicional (dependendo do filho essa é a maior de todas), tornam nossas mães pessoas muito especiais e difíceis de lidar, e esses dotes muitas vezes geram problemas. Quando ela gritar com você, por exemplo, ''abraçá-la e se desculpar'', na teoria, é uma solução muito boa.

Suzane von Richthofen também tem muito a falar sobre a mãe

Porém, diferente de Augusto Cury, você é gente! E ela, apesar de mãe, continua sendo gente também. Então, caso você siga as ideias desse cara, vai acabar como escravo dela, sujeito a todo e qualquer tipo de pedido. E mesmo que esse método Augusto Cury de lidar com a mãe funcionasse, na hora que ela te dá a surra de cinto pela toalha molhada em cima da cama, ou manda você limpar o cocô do cachorro as 10h da manhã de um domingo, a última coisa que passa pela sua cabeça é ''dar um abraço'', ou algo do tipo. E você também não deveria se sentir culpado, porque afinal, mesmo sendo a bondade em pessoa, elas sentem prazer em dar bronca/esporro. É como um esporte! Então, meu caro amigo, não perca seu tempo tentando entendê-la ou decifrá-la, e muito menos pense que algum dia você poderá vencê-la...

– Aí, mãe, como é mesmo aquela coisa que você, digo, vossa senhoria magnânima sempre fala sobre as mães? Alguma coisa de “foi e voltou com um prato”... Ou seria “três vezes de trigo para três tigres tristes”?
 – Ai, filho, você saiu ameba que nem seu pai, aquele porco que deixa a toalha molhada em cima da cama... A frase é “Nunca tente enganar sua mãe, meu filho. Quando você vai, ela já foi e voltou três vezes...”.
– Valeu mãe! Era a frase que faltava pra eu terminar meu texto!

...Porque quando você vai, ela já foi e voltou três vezes.

– A propósito, sobre o que é seu texto, meu filho?
– Futebol, mãe. Futebol.


O texto de hoje foi escrito pelo meu amigo Thomaz, que me prometeu um Vale de 1 Milhão de Cruzeiros se eu deixasse ele postar aqui. Mesmo que o Cruzeiro não esteja mais em circulação, eu me amarrei na proposta dele. Se você quiser seguir o exemplo do Thomaz e libertar seu lado "Augusto Cury", mande seu texto para bernardo.peixoto.mello@gmail.com, apresentando uma proposta tão maneira quanto a dele.

sábado, 2 de junho de 2012

Família. Na Internet.

Durante os anos 90 e até o início dos anos 2000 eu era um pirralho. Não tinha idade pra fazer nada. Não podia entrar nos brinquedos mais maneiros do parque de diversões. Não podia ver Cidade de Deus no cinema. Não podia comprar revista de mulher pelada na banca de jornal sem rir. Para acabar com essa injustiça, um grupo de pessoas decidiu criar a Internet, um espaço com classificação indicativa reversa. A criação das redes sociais foi o marco de que os adultos jamais poderiam entrar nesse espaço.

Acontece que, hoje, vivemos tempos difíceis. As famílias do mundo inteiro decidiram conspirar contra esse tratado histórico. Pais, tios, avós e qualquer tipo de parente que já tenha te pegado no colo e limpado suas fezes passaram a se esforçar para invadir o espaço que um dia foi apenas seu. E qual é a primeira coisa que eles fazem? Deixam um recado em qualquer mural ou scrapbook. Mais ou menos assim:

“Nossa, como você cresceu!!! Lembro como se fosse ontem da época que eu te pegava no colo rsrsrs!!! E limpava as suas fezes rsrsrs!!!”

Aos poucos, deixar recados nos locais apropriados deixou de ser o bastante. Foi quando começou um dos fenômenos mais visíveis da presença de familiares nas redes sociais: deixar recados em caixa de comentários. É impressionante a atração quase magnética que uma foto exerce nos dedos dos seus parentes. E esse é um dos poucos casos em que uma possível distorção pervertida da frase soa menos constrangedora do que a verdade, que é a seguinte:

Jantar romântico com a minha namorada. Te amo!
Comentários:

Amigo Antigo: Cara, quanto tempo que eu não te vejo, que foto ótima! Felicidades pra vocês!
Amiga Típica: awn que fofos! Lindos! <3
Amigo Indie (e gay): essa foto é da Diana F+ ou daquela sua Holga Lomography?
Familiar 1: Caramba já está namorando??? não importa você será sempre o bebê que eu carreguei no colo!!! bjs meu bebuxinho
Familiar 2: Bernardo quanto tempo que eu não limpo suas fezes rsrsrs!!!
Familiar 3: mande um beijo para sua avó pelo aniversário dela aqui em minas o tempo tá ótimo abraços da tia mariana

O que há de pior nessa história toda é quando essa síndrome da família atinge familiares nossos que nem são tão velhos assim. Eu sei que vai ser difícil acreditar no que eu vou falar agora, mas tem gente que fica ofendido com uma besteira ou outra que eu escrevo aqui. Nego acha a linguagem ofensiva, suja, e por aí vai (eu sei, bando de filho da puta arrombado). 


Outro dia uma prima da minha idade me chamou no Facebook perguntando se “era verdade aquela história do anão masturbado e enrabado por um jegue”, e que ela ia mostrar o texto pra minha mãe. Até eu convencer ela de que aquilo era um grande engano, foram uns cinco minutos batendo papo sobre o incrível cheiro das minhas fezes quando eu tinha cinco anos.

Nem o Augusto Cury de vocês consegue uma solução para essa parada. O que eu sei é que o Facebook não criou aquela lista “RESTRICTED” à toa, né. Lotá-la com os seus parentes é uma boa resistência, mas ainda é pouco. Nossos familiares velhos invadem cada vez mais a Internet. Chegaram ao cúmulo até de criar uma rede social do emprego (linkedin.com). Tipo, como se a gente fosse cair nessa mentira de que existe gente que usa a Internet para trabalhar. Conta outra, cara.