Pra quem não sabe ou esqueceu, semana passada rolou o Dia dos Namorados. Acho meio difícil ter alguém na Internet™ que não saiba ou esqueceu, porque o que não faltou em facebook da vida foi nego dizendo que não passava de uma data comercial,
inventando simulacros de par romântico (que iam desde chocolate até o Song Pop™) para justificar que passariam bem o
dia (não que alguém tivesse perguntado) e insistindo em usar o termo
“Valentine’s Day™”. Enfim, nada mais surpreendente do que as Videocassetadas do
Faustão™.
Como eu sou uma pessoa normal, me limitei a ir ao shopping pra comprar um presente. E lá
eu vi muita gente desorientada. Tipo, de verdade. Me chamou atenção o triste
caso de um pai de família que tentava desesperadamente enfiar um cupom promocional
em uma urna para concorrer a um jipe 0 km, porque segundo ele “só isso servia”
de presente para sua amada. Eu fiquei com pena do cara e, depois de avisar a
ele que o cupom era na verdade um guardanapo do Mc Donald’s™ e que a urna era uma lata de lixo em frente a uma loja
que exibia o carro da Barbie na vitrine, decidi me apresentar como Augusto Cury
e mostrar na prática tudo o que ele certamente
já tinha lido aqui no blog.
Dando uma volta pelas lojas, comecei a dar aquelas
dicas espertas pro sujeito. Deixei claro que eu tava sem grana, o que fazia
comprar um presente que custasse no máximo 50 reais meu único objetivo. Podia
encontrar até o Pelé à venda, mas se ultrapassasse os cinquentinha nem rolava.
Enquanto eu falava isso, passei na frente da Imaginarium™ e fiquei encantado com a forma como eles transformam
criatividade em algo clichê e ainda botam à venda, abrindo a possibilidade de
que você pareça o gênio dos presentes perante um leigo. Tinha um Kit de
Massagem que certamente faria minha namorada esquecer todas as vezes que eu
arrotei na cara dela. E custava só 270 reais, tá ligado? Eu já tava tirando o
bagulho da prateleira quando me lembrei:
“Caramba, eu tenho que dar exemplo pra esse cara. Se eu
fraquejar agora, ele vai perceber que todo esse meu papo era furado, e vai
abusar do cheque especial, vai vender um rim, vai penhorar a casa, torrar o
dinheiro da faculdade dos filhos, tudo pra comprar o presente ideal. Além
disso, se eu não der o exemplo, o que é
que eu vou escrever no blog mais tarde? O bem-estar da família desse cara e
de todos os meus 7 leitores tá dependendo de mim”.
Foi aí que eu dei uma prova de que dá pra encarar as
situações com maturidade, e larguei o bagulho dizendo pro meu aluno que aquilo
era “muito feinho” e falando pra vendedora que eu ia só “dar mais uma
voltinha”. Saí da loja orgulhoso comigo mesmo quando passei pela Q-Vizu™ e vi um boneco muito maneiro do Paul Stanley, o
guitarrista da banda favorita da minha namorada. Percebi ali que tinha
encontrado o presente perfeito. Quando eu entrei na loja, soube que era edição
de colecionador e portanto só tava custando 1890 reais. Óbvio que, dadas as
circunstâncias, eu saí imediatamente da loja. E fui direto pro caixa eletrônico
limpar minha poupança (bancária, gente) e explorar o limite que o banco dá para
a minha conta sob módicos juros de 607% ao mês.
Tudo bem, eu admito que não entendo nada de mercado
financeiro. Mas, na minha cabeça, o pior de tudo era o exemplo que tinha ficado
pra aquele pai de família. Eu me tornei
aquele cara, tá ligado? Foi aí que eu tirei a grande lição do dia, e que
vocês deveriam aproveitar para fazer igual:
Eu comprei um presente maneiro pra caralho.