Pense nos
lugares mais escrotos do mundo. Agora junte tudo e bata no liquidificador. O
que sai disso aí? Não, não é o programa da Ana Maria Braga. É uma coisa chamada
SALA DE ESPERA. Pra mim não resta dúvida de que sala de espera de médico é o
ambiente mais indesejado do universo. Você fica de frente pra pessoas
totalmente desconhecidas, e não é tipo elevador, que a agonia dura apenas
alguns segundos que parecem horas. Na sala de espera são horas que parecem a vida
da Hebe Camargo. O pior é que eles parecem montar o espaço especialmente pra
você não conseguir se ocupar. Prova maior disso são as revistas. Em sala de
espera só tem revista de fofoca. Como
se não fosse ruim bastante, é tudo edição do ano retrasado. Toda essa ausência de entretenimento pode te levar a falar.
E se você abrir a boca em um ambiente tão escroto, amigo, invariavelmente vai
soar inútil ou esquisito.
Só quero fazer o registro de que, em termos de cárcere: Sala de espera >>> Bangu I >>> Emoção |
Na época
do Galileu Galilei não existia sala de espera. Foi por isso que levaram a sério aquela ideia dele de que a Terra é que gira ao redor do Sol (levaram a sério
até DEMAIS, mas beleza). Se ele tivesse falado essa porra numa sala de espera
pra puxar conversa provavelmente teria saído muito estúpido, e ele ficaria tão
constrangido que nunca mais ia tocar no assunto, e hoje a gente estudaria teoria geocêntrica na escola. Pra que
esse tipo de coisa não aconteça contigo, fica esperto na próxima vez que tu
cair em uma sala de espera. Não puxa assunto com ninguém. Principalmente com a
secretária. Esse é o emprego mais escroto do mundo, porque é um estágio disfarçado
de emprego. Se você tentar qualquer tipo de aproximação, ela involuntariamente
irá descontar em você toda a frustração que é a vida dela. Outro dia eu tava
esperando meu médico me atender, quando tocou o telefone e a mulher falou mais
ou menos assim:
– Consultório,
boa noite... Ah meu amor, bom que você ligou. Me diz o endereço daquela
festinha, quando eu tiver voltando pra casa te busco lá...O que? Nada disso, eu
não conheço a mãe desse rapaz. Vai dormir em casa... E tem hora pra voltar sim,
isso aqui não é farra não.
Isso era
o que eu deveria ter feito:
Mas eu
caí na armadilha e decidi comentar:
– Hahaha minha mãe é igualzinha comigo!
A
resposta da mulher me lembrou tudo o que foi citado um pouco acima:
– Não é meu filho não, é meu homem. O safado
tá desempregado, só quer saber de beber na casa dos amigos. Aí aproveita e
tenta passar a mão na coroa dos caras, tenta se enfiar no quarto com elas, mas
eu tô esperta, não vou dar bobeira de novo pra família desses amigos dele não.
– Ah, quer dizer que ele já
"pulou a cerca" com alguma mãe de amigo?
– Mãe, não. Filha. De sete anos.
"Abra
a boca e ganhe um trauma", esse deveria ser o lema das salas de espera ao
redor do mundo, pra evitar que as pessoas caíssem nesse erro comum. Isso é
sério: jamais abra a boca na sala de
espera. O melhor que pode acontecer é você descobrir que a Claudia Raia
terminou com o Edson Celulari, que o doutor vai examinar as fezes de um cara
antes de botar a mão na sua língua, ou que o marido da secretária não tem preconceito:
comete estupros com todas as idades.
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