quarta-feira, 23 de maio de 2012

Como se comportar em uma sala de espera

Pense nos lugares mais escrotos do mundo. Agora junte tudo e bata no liquidificador. O que sai disso aí? Não, não é o programa da Ana Maria Braga. É uma coisa chamada SALA DE ESPERA. Pra mim não resta dúvida de que sala de espera de médico é o ambiente mais indesejado do universo. Você fica de frente pra pessoas totalmente desconhecidas, e não é tipo elevador, que a agonia dura apenas alguns segundos que parecem horas. Na sala de espera são horas que parecem a vida da Hebe Camargo. O pior é que eles parecem montar o espaço especialmente pra você não conseguir se ocupar. Prova maior disso são as revistas. Em sala de espera só tem revista de fofoca. Como se não fosse ruim bastante, é tudo edição do ano retrasado. Toda essa ausência de entretenimento pode te levar a falar. E se você abrir a boca em um ambiente tão escroto, amigo, invariavelmente vai soar inútil ou esquisito.

Só quero fazer o registro de que, em termos de cárcere:
Sala de espera >>> Bangu I >>> Emoção

Na época do Galileu Galilei não existia sala de espera. Foi por isso que levaram a sério aquela ideia dele de que a Terra é que gira ao redor do Sol (levaram a sério até DEMAIS, mas beleza). Se ele tivesse falado essa porra numa sala de espera pra puxar conversa provavelmente teria saído muito estúpido, e ele ficaria tão constrangido que nunca mais ia tocar no assunto, e hoje a gente estudaria teoria geocêntrica na escola. Pra que esse tipo de coisa não aconteça contigo, fica esperto na próxima vez que tu cair em uma sala de espera. Não puxa assunto com ninguém. Principalmente com a secretária. Esse é o emprego mais escroto do mundo, porque é um estágio disfarçado de emprego. Se você tentar qualquer tipo de aproximação, ela involuntariamente irá descontar em você toda a frustração que é a vida dela. Outro dia eu tava esperando meu médico me atender, quando tocou o telefone e a mulher falou mais ou menos assim:

– Consultório, boa noite... Ah meu amor, bom que você ligou. Me diz o endereço daquela festinha, quando eu tiver voltando pra casa te busco lá...O que? Nada disso, eu não conheço a mãe desse rapaz. Vai dormir em casa... E tem hora pra voltar sim, isso aqui não é farra não.

Isso era o que eu deveria ter feito:



Mas eu caí na armadilha e decidi comentar:

 – Hahaha minha mãe é igualzinha comigo!

 A resposta da mulher me lembrou tudo o que foi citado um pouco acima:

 – Não é meu filho não, é meu homem. O safado tá desempregado, só quer saber de beber na casa dos amigos. Aí aproveita e tenta passar a mão na coroa dos caras, tenta se enfiar no quarto com elas, mas eu tô esperta, não vou dar bobeira de novo pra família desses amigos dele não.

– Ah, quer dizer que ele já "pulou a cerca" com alguma mãe de amigo?

– Mãe, não. Filha. De sete anos.

"Abra a boca e ganhe um trauma", esse deveria ser o lema das salas de espera ao redor do mundo, pra evitar que as pessoas caíssem nesse erro comum. Isso é sério: jamais abra a boca na sala de espera. O melhor que pode acontecer é você descobrir que a Claudia Raia terminou com o Edson Celulari, que o doutor vai examinar as fezes de um cara antes de botar a mão na sua língua, ou que o marido da secretária não tem preconceito: comete estupros com todas as idades.

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